segunda-feira, maio 12, 2008

Alice na Cidade Maravilha

Alice vivia num bairro nobre da cidade de Águas do Primeiro Mês. Sempre foi chegada à natureza e seu verde exuberante que inebria e relaxa. Inalar o doce aroma das flores sempre a fazia viajar para os lugares mais incríveis de sua consciência. E viajar era algo a que Alice nunca se recusava. Conhecer e experimentar novas sensações era o objetivo condutor de sua vida.

Foi numa dessas aventuras que ela conheceu o Coelho Branco. Ele sempre a fazia ter pressa e correr para lugares que desconhecia. Mas a pressa era tanta que quase sempre quando menos esperava se dava conta que tinha perdido tudo. Nada mais restava senão ficar deprimida.

O Coelho Branco tentava ser um bom amigo e sempre a incentivava a cada vez conhecer mais lugares, pois assim, um dia, encontraria todo o prazer prometido. Alice sentia apenas que caia e a queda parecia não ter fim. Quando ele viu que nada mais a satisfazia, prometeu levá-la para conhecer alguns amigos e tomar um bom chá.

Mesmo não podendo acompanhá-la em sua nova jornada – o Coelho Branco sabia que não a impressionava mais, o amigo informou a Alice o endereço para o chá e que diante de qualquer problema bastava procurar o Gato. Era um endereço não muito visitado, mesmo por aqueles mais ousados. Ficava no alto de uma colina.

Cheia de coragem e curiosa expectativa, pelas novidades que estariam por vir, Alice seguiu subindo em busca de seu objetivo. Não tardou a se perder, visto que todas as ruas eram muito estreitas e as casas pareciam por demais iguais. Apesar de ter se lembrado que poderia contar com a ajuda do Gato, esqueceu-se de perguntar como poderia encontrá-lo.

Lamentando a perda de memória que se agravou nos últimos anos, Alice seguiu praguejando até avistar uma casa com a porta aberta para uma sala onde um rapaz com chapéu estranho bebia chá junto com alguns companheiros. Quando se deram conta da presença de Alice, convidaram-na efusivamente e já foram lhe servindo uma xícara de chá. Muitas outras guloseimas como doces e balas estavam espalhadas pela mesa e, claro, biscoitos para quando a fome apertasse.

Alice se divertiu como nunca e viu coisas que nunca imaginou. Extasiada, não percebeu sequer quando começou a chorar convulsivamente. Antes mesmo de imaginar o motivo para tal tristeza, foi dominada por uma vontade louca de beber mais chá. Mas o rapaz de chapéu lhe negou e disse que apenas o Gato poderia dizer onde encontrar mais.

Desesperada, correu sem saber para onde estava indo quando se deparou com um único sorriso por detrás das sombras de uma árvore. Sequer teve tempo de sentir medo quando ouviu a voz pausada e sedutora: “Estou aqui para guiar-te até onde desejas, se prometeres servir a nossa Rainha”.

Alice sabia que deveria pensar em algo para dizer, mas foi como se sentisse sua cabeça rolar. Só conseguia pensar na Rainha. Ou melhor, já não pensava em mais nada e apenas seguiu o Gato ansiosa por servir.

Alice nunca mais voltou para casa.

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