sábado, fevereiro 05, 2005

Mito

...e então Deus criou o Mundo e o povoou com muitas formas de vida. Algumas visíveis outras não. E havia também as indeléveis.Tudo dependia do quão e tão forte se acreditasse que as coisas existiam.Os que acreditavam eram muitos e eles apinhavam os cinco cantos do mundo. Acreditavam nos ventos, no mar, no céu e na terra, vivendo assim das belezas e desaventurânças que lhes foram reservadas.

Em um desses belos dias de fé, um presente foi enviado por Deus cruzando os céus agora tingidos de vermelho, pertubando os mares e enfurecendo os ventos para se abrigar no seio da terra.

"Aqueles que eram muitos" correram ao seu encontro e prostraram-se ao redordo presente que veio dos Céus. Muitos se maravilharam, muitos se espantaram e todos permaneceram, pois a curiosidade neles incutida era maior queo medo ou a precaução.

O presente era de início redondo, pequeno e brilhante, com uma miríade de ondas laranja, vermelho e amarelo. Depois foi tomando uma forma parecida, mas menor, com a "dos que eram muitos", mas mantendo seus contornos bruxuleantes e magníficos de laranja, vermelho e amarelo.

Muitos se impressionaram, muitos se amedrontaram e todos quiseram tocar, poisa curiosidades neles incutida não seria satisfeita de outra forma. Os que tiveram cautela, foram devagar ao encontro do "presente" e puderam sentirseu calor aumentando ao passo que se aproximavam e perceberam que se chegassem muito perto algo ruim aconteceria. Os que tiveram pressa, correramem direção ao presente e logo depois na direção oposta, pois a dor das queimaduras instantâneas era, de certa forma e bem pouco, aliviada pelos ventos.

Mas logo todos "aqueles que eram muitos" perceberam que haviam recebido uma dádiva. Os dias eram aquecidos pelo presente, que também os ensinoucomo fazer e preservar o fogo. Logo descobriram que e os alimentos que a terra fornecia se tornavam mais macios quando colocados no fogo. Mas o mais importante, o que mais impressionava a todos era que agora podiam enxergar melhor as coisas quando estavam próximos do presente e que ele ainda afastava as coisas más que assombravam e raptavam uns poucos "daqueles que eram muitos".

Muitos se esqueceram, muitos sequer perceberam e todos deixaram as entidades antigas de lado, pois a curiosidade neles incutida sempre durou tempo suficientepara satisfazer suas próprias necessidades. Desde então, tinham olhos apenaspara o presente e assim consquistaram a antipatia dos "antigos" para então conhecer sua fúria.

A terra tremia fazendo montanhas ruirem e abria enorme fendas que engolim "aqueles que eram muitos". Os mares, com a ajuda dos tremores causados pela terra, enviavagrandes ondas que destruíam as moradas e afogavam "aqueles que eram muitos". Os ventos também colaboravam com os grandes maremotos, agitando mais ainda osmares e dando força as suas gigantescas ondas.

Foram dias terríveis, mas não tanto quanto os que ainda estavam por vir...
Os poucos que restaram não podiam fazer outra coisa senão rezar e pedir perdão aos antigos. Desta feita, passaram a amaldiçoar o presente por causar tamanhadiscórdia no mundo. Rezavam dia e noite, quando não estavam lutando contra correntezas ou saltando sobre fendas que se abriam de repente.

Tentaram lutar contra o presente. Jogavam paus e pedras gritando para que ele nunca mais voltasse. Mas não conseguiam sequer chegar perto e qualquer coisa que jogassem se consumia em chamas antes mesmo de atingí-lo. Ele apenas olhava sem entender e saía em busca da felicidade que havia encontrado entre "aqueles que eram muitos". Mas a todo lugar que ia só encontrava destruição e ódio.

Heis o presente virou para os antigos e gritou toda a sua raiva. Sem saber o que fazer, mergulhou fundo na terra até atingir seu ventre e lá dentro ele cresceuem sua raiva. Atirou chamas nos mares e fez a terra sangrar. O mar e a terra sofriam em agonia, transbordando rocha derretida e exalando vapor. Os ventos e o céu estavam completamente impotentes e por mais que o vento percorresse toda a superfície da terra, não conseguia atingir o presente nem tampouco aliviar a dor de seus iguais.

Foi então que o céu começou a chorar. E chorou por um longo tempo. Suas lágrimas aliviaram a dor da terra, devolveram energia ao mar e acalmaram o presente. Nesse momento, todos perceberam o grande erro que estavam cometendo e a grande destruição que causavam. "Os poucos que restaram" estavam agora reduzidos a nada...

Sem a necessidade de qualquer palavra, resolveram suas desavenças e decidiram que deveriam proteger as criações de Deus.

No interior da terra, o presente cresceu em poder e havia se transformado, dividindo-se em duas grandes entidades e um sem número de outras menores. Uma permaneceu, o outro subiu junto com suas irmãs menores para se abrigar na infinidade do céu enviando sua luz e calor para a terra. E também a terra e o mar se transformaram e agora abrigam novas formas de vida.

Quantos "àqueles que se tornaram nada", bem, eles voltaram a crescer em número e povoaram toda a terra. Muitos louvaram, muitos respeitaram os antigos e os novos e todos perderam os velhos costumes e respeito pelas entidades e por eles próprios, pois a curiosidade neles incutida responde apenas a interesses individuais.

E assim, terra, céu e mar são constantemente molestados. De tempos em tempos, as entidades ainda despejam sua colera sobre "aqueles que se tornaram nada".

Mas as lágrimas um dia se acabam.

Nenhum comentário:

Postar um comentário