quinta-feira, junho 05, 2008

Com pouca fé no homem

Certo dia, um dos caminhos na faculdade que me levam até a sala de aula me reservou uma agradável surpresa. Contra todo o bom senso e instinto selvagem, um João-de-barro iniciou seus trabalhos em um galho bastante baixo de uma árvore muito próxima à passagem das pessoas.

A princípio, um tanto preocupado, passava todos os dias bem cedo pelo mesmo caminho na expectativa de talvez não mais encontrar meu admirado amigo (passei a considerá-lo como tal e a tê-lo em mais alta estima) em sua labuta incansável. Era incrível ser presenteado diariamente com a persistência de tão nobre criatura. Trabalhava dia após dia sem se preocupar com as pessoas que passavam, voltado apenas para sua responsabilidade em fazer um trabalho bem feito.

O mês prosseguiu e o trabalho parecia estar quase no fim. Chega então a época da realização de um festival que aconteceria num extenso gramado cuja margem acomodava as raízes do futuro lar da possível família de meu adorado amigo.

Após uma longa noite de festa dos jovens universitários, a manhã trazia apenas criaturas sonolentas no início de suas preocupações acadêmicas rotineiras. Seguindo minha própria rotina, avistei ao longe a árvore e de imediato tentei localizar o ninho quase pronto de meu amigo, a quem restou apenas alguns amontoados de barro misturado a gravetos e a força necessário para iniciar um novo trabalho.

A mim restou apenas a saudade e a admiração por uma criatura que possui muito mais direito de estar aqui do que nós homens.

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